16 de Setembro de 2017, Biblioteca Municipal de Aveiro
Foram expostos os trabalhos de investigação dos intervenientes e suas conclusões relativas ao tema e objectivo destes debates.
Levamos as questões expostas na 1ª Mesa redonda aos intervenientes desta mesa, na procura de possíveis propostas de solução.
Oradores:
Bruno Marques, Univ. Aveiro - Jorge Fernandes, Univ. Minho - Ricardo Mateus, Univ. Minho - Paulo Mendonça, Univ. Minho - Paulina Faria, FCT - Vasco Freitas, FEUP
Moderadores:
Ana Velosa - Vasco Rato
1 PARTE
2 PARTE
Resumo Moderadores 2ª Mesa Redonda - Investigadores
A sessão incluiu uma apresentação inicial de enquadramento por parte dos moderadores, seguida de uma apresentação individual de cada um dos investigadores convidados relativa ao trabalho de investigação em que têm estado envolvidos. Seguiu-se um debate entre os oradores e, num segundo momento, um debate com as pessoas da assistência que tiverem também a oportunidade de colocar questões. As principais conclusões podem resumir-se da forma seguinte:
* O contributo da terra, enquanto material de construção, para o conforto higrotérmico e a eficiência energética, está muito dependente do conjunto de estratégias globais de projeto e de uso. Deste modo o projeto de arquitetura e os padrões de uso são considerados uma parte determinante da visão global e integrada que deve presidir ao projeto, à construção e ao uso. Salienta-se a necessidade da implementação de estratégias de ventilação natural (com particular relevo em climas com valores elevados de humidade relativa). * Principais contributos positivos do material terra: * elevada inércia térmica, que se considera determinante na obtenção de condições de conforto em climas quentes com elevada amplitude térmica diária; * elevada higroscopicidade, o que contribui para o equilíbrio da humidade relativa interior; o contributo da higroscopicidade é sobretudo significativo nos períodos quentes; * segundo investigação ainda na sua fase inicial, capacidade de absorção de alguns elementos gasosos (dependente do teor de argila) que parece contribuir para melhor qualidade do ar interior; * reduzido impacte ambiental e social, o que adquire particular relevância no contexto da progressiva maior importância da energia incorporada dos materiais no ciclo de vida, considerando a tendência para a redução da energia operacional. * O contributo positivo resultante da inércia térmica do material não é significativo nos períodos de clima frio, e/ou com reduzida amplitude térmica diária. * Reconhece-se a importância que a simulação dinâmica e o modelo de conforto adaptativo assumem na compreensão das vantagens dos sistemas de construção em terra. Todavia, reconhece-se igualmente que este tipo de procedimentos tem dois principais tipos de desvantagens: (i) a sua morosidade, o que coloca um desafio no contexto dos recursos habitualmente disponibilizados; (ii) a falta de informação relativa a propriedades do material terra (bem como a outros aspetos como clima) o que implica ainda um grau elevado de arbitrariedade nos modelos de simulação dinâmica. * Considera-se também importante o desenvolvimento de mais trabalho de investigação que inclua medições das condições-ambiente em contexto real, como forma de obter dados que permitam melhorar os processo de simulação. * As questões associadas ao conforto higrotérmico não devem ser dissociadas de outros tipos de requisitos, dos quais se pode destacar a permeância ao vapor e água; por exemplo, a melhoria da eficiência energética por via da aplicação de isolante térmico não deve reduzir o fluxo de vapor de água que atravessa os elementos construtivos. * Em reabilitação, a redução do coeficiente de transmissão térmica dos elementos construtivos em terra com espessuras típicas de 50 cm (através da aplicação de isolante térmico) parece apenas justificar-se em climas frios e em condições de aquecimento permanente do ar interior. Noutros casos, em que o aquecimento do ar interior não é permanente e/ou em que as condições climáticas na estação de aquecimento não são muito exigentes, não se justifica a aplicação do isolante na medida em que o benefício daí resultante não equilibra o custo associado. * Os atuais processos regulamentares para a estimativa e antecipação das condições de eficiência energética dos edifícios, e respetiva certificação energética, são excessivamente complexos, não se verificando um benefício tangível dessa complexidade. Em situações de reabilitação, considera-se que o processo deveria ser significativamente simplificado mediante o recurso a conjuntos de medidas de melhoria, previamente validados na sequência de investigação científica, cuja aplicação se consideraria conduzir a determinado nível de melhoria e, deste modo, a determinado grau de eficiência energética.